Depressão, o mal do século
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Depressão, o mal do século

Em todo o mundo estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão, sendo as mulheres as mais afetadas. Ainda não há uma explicação satisfatória que nos indique a causa de mulheres serem a maioria, há teorias que apontam para o fato de homens não buscarem ajuda ou negarem que estejam sofrendo, o que matematicamente colocaria as mulheres no topo da lista. Os tratamentos vão desde acompanhamentos psicológicos, psíquicos e até medicamentosos. Também estima-se que menos de 10% das pessoas realizam tratamento adequado, ou seja, elas têm o diagnóstico, fazem acompanhamento por um curto período e depois abandonam.

Até 2020 a depressão será o transtorno mais incapacitante do mundo e no Brasil 75 mil pessoas foram afastadas do trabalho entre 2016 e 2017 por depressão, segundo os últimos dados da Organização Mundial de Saúde. Diante desses dados é importante fazer uma diferenciação nos métodos de tratamentos e acompanhamentos, a medicina ou Psiquiatria lida com a depressão de maneira geral pela via medicamentosa, que apesar de receber muitas críticas por isso é sim necessária quando o quadro é severo, devemos lembrar que depressão pode levar ao suicídio. É necessário ir além disso para não se tornar dependente de medicamentos, há uma série de efeitos colaterais que a longo prazo afetarão a vida de quem os toma.

Depressão e a Psicanálise

Entendamos então o acompanhamento feito pela Psicanálise. Falar em cura da depressão requer um certo aprofundamento e cuidado, apesar de ser um transtorno ou patologia, não estamos lidando com um vírus, ou bactéria. Estamos falando de algo que é subjetivo, o Psicanalista escuta a depressão, escuta o depressivo e trabalha para que a pessoa possa fazer alguma coisa com esse sofrimento e assim sair dele, mas há situações onde essa depressão é crônica, e a pessoa terá que lidar com ela o resto da vida e, nessa altura sim a Psicanálise pode ser mais interessante ainda, pois, possibilita ao sujeito incluir aquilo que tem de estranho em si, nas suas rotinas, mas não para conformar-se, e sim para com isso fazer algo de criativo.

Exemplos não faltam, tenho um analisando que após certo período de análise começou a produzir poemas para expressar esse sofrimento e acabou dando vazão e voz para essa dor, sua criatividade já lhe rendeu publicações. Para exemplificar, outro caso, a analisando deu início a pinturas de telas, encontrou uma forma de expressar na arte aquilo que não conseguia expressar na fala.

Mitos sobre a depressão

Depressão não é frescura ou falta de Deus, o transtorno não está ligado a fé, pessoas de variadas crenças são acometidas, assim como lideres religiosos e representantes de credos variados. Ainda há quem diga que depressão é falta do que fazer, falta de trabalho, esta afirmação não faz o menor sentido visto que o principal motivo de afastamento do trabalho no Brasil é a depressão, ou seja, não é falta de trabalho, pois estão trabalhando e ainda sim apresentam o quadro. Depressão também não é sinônimo de tristeza, é um erro pensar no depressivo como alguém triste. Tristeza é um sentimento, é passageira, faz parte do cotidiano, depressão é transtorno psíquico, uma patologia e como tal requer nossa mais precisa atenção. Precisamos evitar que depressão e suicídio tornem-se lideres no numero de causas de morte.

É necessário procurar ajuda quando sentir que algo não vai bem, ou, se você conhece alguém que talvez precise dessa ajuda, não exite em alertar sobre procurar um acompanhamento, vidas podem ser salvas quando atenciosamente lhes damos atenção, mas vale lembrar, é preciso que alguém preparado atenda essa pessoa, infelizmente há quem se sinta “meio psicologo” ou “meio psicanalista” por gostar de conversar, isto não é suficiente, pois tomando o psicanalista como exemplo, os atendimentos não são simples conversas, nas sessões ocorrem manejos clínicos e uma série de outras possibilidades que fazem parte da práxis psicanalítica.

Sejamos responsáveis ao lidar com a dor e sofrimento do outro, afinal, depressão pode levar ao suicídio e infelizmente esse é um ato irreversível.

Darci Martins

Darci Martins é Psicanalista, graduando em Filosofia e, além dos atendimentos clínicos, dá consultorias e cursos presenciais e online.

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