Erros são acertos disfarçados
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Erros são acertos disfarçados

Erros são acertos disfarçados. Essa parece até uma frase daqueles textos positivistas, encontradas em livros de autoajuda ou que um coaching diria numa palestra motivacional. Longe disto, o sentido dessa frase em Psicanálise vai de encontro com outras ideias, bem contrarias a esse senso comum prático e cotidiano.

A teoria psicanalítica criada por Freud tem como princípio que o erro, seja ele ao falar, escrever ou até mesmo em ato possui algo a mais, o erro é determinado por alguma outra coisa, ele não acontece por acaso, possui um sentido oculto, que tenta se revelar pela falha, portanto temos a ideia inicial deste texto que diz, erros são acertos disfarçados.

Freud investigou uma grande quantidade de atos falhos, em discursos de políticos, professores, palestrantes, pessoas de seu convívio particular e analisandos, notou que sempre que propunha a pessoa uma investigação do ocorrido chegavam a concluir que de fato havia algo inconsciente que se desejava dizer.

“Antes da análise planeja o que dizer, na análise tropeça no que de fato diz.” (Darci Martins)

Você sem dúvidas já trocou uma palavra por outra, um nome por outro, inverteu a ordem das palavras em uma frase e formando outro sentido e se questionou se isso é normal. Dependendo a hora e lugar pode ser engraçado ou constrangedor, principalmente se já trocou ou inverteu o nome de alguém.

Freud explica!

Vejamos o exemplo simples a seguir.

Se digo:

— Tchau!

— Maria, que Deus te elimine!

— Ops!

— Eu quis dizer que Deus te ilumine, ilumine!

Isto é um ato falho, mas significa que há desejo de morte quanto a Maria?

Frequentando um divã e fazendo análise você terá a oportunidade de interpretar e responder a essa pergunta através de uma implicação em seu desejo e responsabilidade. Uma possível conclusão é que eu e Maria estamos concorrendo pela mesma vaga de emprego, logo, quero que ela seja eliminada, mas não morta.

Portanto, o ato falho carrega um sentido, ainda que inconsciente e que carece de uma interpretação. Para entender melhor isto, Jacques Lacan, elaborou a seguinte frase:

“Nossos atos falhos são atos que são bem sucedidos, nossas palavras que tropeçam são palavras que confessam.”

Em um ato falho podemos não só confessar algo ao outro, mas também a nós mesmos. Muitas vezes não queremos admitir nossos desejos, nos protegemos deles, mas, um impulso inconsciente os traz a tona. Estar em análise é uma possibilidade de se haver com esses desejos, responsabilizar-se por eles a medida que começam vir a tona. Se deparar com um ato falho em sessão de Psicanálise pode ser uma experiência interessante, algo se confessa, algo se diz, se mostra, se revela. Deste ponto em diante você pode se apropriar do que diz e do que não diz, pois, o tropeço é real.

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Darci Martins

Darci Martins é Psicanalista, graduando em Filosofia e, além dos atendimentos clínicos, dá consultorias e cursos presenciais e online.

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