Você já deve ter experimentado a sensação de ter a palavra na ponta da língua e mesmo assim não alcançá-la.
Excluindo causas neurológicas e considerando que bem ali não surge a palavra que daria conta de dizer o que se pretende, podemos entender que um significante faltou.
Na melhor das hipóteses, ao se deparar com essa falta, você inicia uma nova enunciação tentando elaborar o que não foi dito.
Uma saída arriscada, porém criativa, ainda que sem garantias, mas que lança uma aposta em seu discurso.
É disso que se trata também a Psicanálise, arriscar-se no próprio discurso, no bem e no mal dizer, falar para ver no que dá, responsável pelo que for contradito, considerando surgir um dizer desconhecido sobre si, e Psicanálise é ótima pra se desconhecer.
Na falta da palavra, do significante, emaranhar-se nas que vierem associadas livremente e surpreender-se com o que surge.
Isto não é fácil, ainda mais quando o mundo cobra discursos alinhados, perfeitos, condizentes e até vigiados.
Por isso quando você se implica na sua análise, escuta das próprias palavras o que nem imagina.
E algo que acontece muito no divã é você começar a escutar o seu silêncio, sua falta e ela sem dúvida tem muito o que dizer.