Posso considerar pelo menos dois tipos de desencontros.
Um na presença e outro na ausência do Psicanalista. Na presença, quando você tenta se fazer entender, comunicar algo ao analista, crente que este pode compreender o que você diz de forma plena.
No entanto, o analista renuncia entender para implicar, e você percebe finalmente, que não cabe ao outro este lugar de super entendedor.
Este desencontro entre quem fala e quem escuta é sua chance de perceber que a comunicação é falha, nunca inteira.
Como diz Lacan, você pode saber o que disse, mas nunca o que o outro escutou.
Acrescento à frase de Lacan minha contribuição da experiência clínica, o desencontro ocorre também porque muitas vezes você não sabe o que disse assim como não sabe o que o outro escutou.
Daí a angústia do desencontro na presença, e você vai ter que se a ver com isto, achar uma saída singular.
Um insight (cair a ficha) pode ser uma boa ocorrência neste momento, assim como outras saídas.
Agora, considere que seu analista encerra a sessão neste momento citado acima, e você vai embora com isto.
Distante do setting, mas já com uma boa dose de responsabilidade e desejo, você, ao invés de manter-se num sintoma, cria uma possibilidade nova frente ao que lhe causa angustia.
Pronto, é isto!
Um insight no desencontro, na ausência do Psicanalista. Um trunfo totalmente seu.
Só não se engane, tanto a ausência quanto a presença são fundamentais para o manejo clínico. Este post é apenas um exemplo dentre milhares de possibilidades em uma análise.
Está preparada(o)?