Mas Darci, como assim? A gente vê tantas pessoas dizendo que precisamos buscar o autoconhecimento.
Sim, precisamos, mas o que pouco se diz é que não é possível se conhecer no todo. Sempre há algo que escapa, que foge à compreensão.
Lacan propõe que a linguagem é como um Cavalo de Tróia, um presente que ganhamos, mas que tem consequências. A linguagem nos sujeita, por isso em Psicanálise falamos em sujeitos e não indivíduos. É essa mesma linguagem que nos impossibilita dar conta de dizer tudo, a palavra nunca expressa a totalidade, e nos sujeita a um dizer sempre incompleto, sempre fica algo não dito.
Assim como a sensação de ter a palavra na ponta da língua sem jamais dizê-la.
É por esta impossibilidade de encontrar significantes completos que o autoconhecimento é incompleto, sujeitado a própria linguagem de cada um, barrado, por assim dizer.
As linguagens são muitas, somos semióticos, então não entenda por linguagem apenas a fala, mas toda forma de produzir linguagens.
O saber de si é incompleto, e bem aí, onde falta o saber que precisamos nos inventar, nos fazer.
Deixo pra vocês, abaixo, algumas chaves ou dicas que ajudarão a aprofundar o tema, e enriquecer a proposta de reflexão.
“A existência precede a essência”. (Sartre)
“Não se nasce mulher, torna-se mulher”. (Simone de Beauvoir)